terça-feira, 5 de julho de 2011

Consciência Coletiva

“Mas nosso mundo da separação, da dispersão, da finitude significa também o mundo da atração do reencontro, da exaltação. E estamos plenamente imersos neste mundo que é dos nossos sofrimentos, felicidades e amores”.
(Edgar Morin)

“A infelicidade caminha lado a lado com a felicidade; a felicidade dorme ao pé da infelicidade”.
(Tao-te-ching)



“...Controlar o homo demens para exercer um pensamento racional, argumentado , crítico, complexo”.
(Edgar Morin)

Estar aos pés da sabedoria é procurar compreender sua ordem sem controlar o homo demens que, segundo Morin, habita em “...nossa afetividade externa, convulsiva, com paixões, cóleras e gritos, mudanças brutais de humor, em carregar consigo uma fonte permanente de delírio; em crer na virtude de sacrifícios sanguinolentos, e dar corpo, existência e poder a mitos e deuses de sua imaginação”.

Recentemente, assistimos aos abusos de uma nação poderosa contra um povo já sofrido, em nome da liberdade e de um conjunto de valores denominados “libertadores”. Foi desencadeada uma guerra contra um ditador decadente e vítima de uma infância de maus-tratos e constrangimentos, não que isso justifique a ação de ambos os países contra seus próprios povos, pois as baixas de ambos os lados - mesmo que de forma desigual- no coração de cada mãe são injustificáveis.

Como defender o pensamento racional, argumentado, crítico e complexo, se não somos capazes de valorizar a separação cultural entendendo as diferenças? O modelo vigente nos leva a uma dispersão que favorece os mais privilegiados, e nele nem os governos são capazes de gerir estas diferenças sociais. Como podemos ser críticos se há muito tempo expulsaram a filosofia das escolas, tendo os remanescentes sido contaminados pelo silêncio da incompreensão cultural?. Frente a esta sociedade moderna que nos afronta, como podemos fechar os olhos para o poder em mãos erradas e não defender a complexidade? Seria o mesmo que continuar possibilitando a criação dos conflitos entre nós, que mesmo não entendendo o idioma do outro somos capazes de, pela expressão, compreender o que se passa naquelas almas em chamas.

Manter-se consciente frente à loucura humana, nos faz tão loucos quanto todos, é preciso, na nossa finitude, imaginar um reencontro com a paz universal, buscando uma atração pela igualdade social e um pouco mais além, a exaltação do amor em busca de nossa própria essência humana. Na verdade, a devastação de nossas florestas é apenas o reflexo da devastação em que se vive no seio de nossa felicidade consumista. Parafraseando o Tao-te-ching, acordamos e vemos que a tão vulnerável felicidade imaginária dorme aos pés da infelicidade real, que tanto nos engana devido a nossa temporalidade e noção de existir finita e, por que não dizer, desprezível, frente à pouca força de atuação e mudança gerada pela nossa rápida existência.

É preciso enfrentar estas barreiras e transgredi-las como uma possibilidade de construção para um desprendimento maior em nossas relações, sem renunciar a nós mesmos. Melhorando, portanto a tratativa que envolve a nossa consciência individual na busca de uma consciência coletiva planetária em prol da compreensão dos nossos sofrimentos, felicidades e amores.

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