“Hoje, como afirma o filósofo theco Patoka, ‘o futuro encontra-se problematizado e ficará assim para sempre’.”
“Situamo-nos nesta aventura incerta e, a cada dia, os acontecimentos que se produzem no mundo indicam que nos encontramos na noite e na neblina”.
“As religiões e política salvacionistas reiteram: sejamos irmãos porque seremos salvos. Acredito que hoje será necessário dizer: sejamos irmãos porque estamos perdidos num planeta suburbano, de um sol suburbano, de uma galáxia periférica, de um mundo desprovido de centro. Mesmo assim possuímos plantas, pássaros, flores, assim como a diversidade da vida, as possibilidades do espírito humano. Doravante, aqui residirão nosso único fundamento e nosso único recurso possível.”.
(Edgar Morin, Amor Poesia e Sabedoria, 2002)
Lançar um olhar sobre o futuro, requer sabedoria suficiente para fazer uma leitura histórica e, ao mesmo tempo, avaliar as microtendências utilizando de um senso de observação e percepção. Podemos constatar que, num futuro muito próximo, teremos ausência de água e poesia, assim como de ar e de sabedoria e incorremos no risco de termos desertos de amor, ou seja, espaços vazios entre nós humanos, mesmo estando perto um do outro. Precisamos entender que o futuro será sempre problematizado e que esta geração precisa se comprometer com a próxima. Não teremos viabilidade enquanto humanos se não aprendermos rapidamente a lidar com o presente, revendo os nossos paradigmas e construindo uma possibilidade para a continuidade humana.
Os atentados de 11 de setembro/2001 lançaram sobre as nações uma neblina de incerteza e o receio constante de viver de sobre aviso, mostrando-nos que realmente estamos na noite e na neblina. Porém, é muito cedo para entendermos o que aqueles choques nas torres gêmeas significaram para a humanidade além da perda de vidas inocentes e de credibilidade quanto a segurança da maior nação bélica do mundo, tudo isso realçado por um sentimento terrorista, revanchista e tolo. Não possível, assim, imaginarmos um futuro deprovido de atentados e das usuais guerras, que fazem parte da falta de amadurecimento humano, fruto de interesses comerciais ou da não convivência com as diferenças sociais e culturais, lutando-se por aquilo que pertence a todos como se fosse propriedade de um único grupo.
As religiões estão trabalhando baseadas nas promessas de um céu pós morte, quando deveriam trabalhar com a posibilidade de ao menos estabelecer uma cordialidade entre os homens, exigindo do ser humano outro reposicionamento.
Muito já se falou sobre este assunto, mas estas posições são contraproducentes. Para que preservar agora, se o que nos resta e interessa está do outro lado da vida? Entretanto, temos que nos dar as mãos, independentemente do credo, partido ou raça, pois teremos menos trabalho se juntos buscarmos repovoar o nosso planeta com a possibilidade de incluirmos nele o respeito às diferenças.
É necessário, também, assumir uma posição mais realista em relação ao que afeta imediatamente a humanidade: a fome e a AIDS africana, ou a corrupção desenfreada no continente sul americano, que deixam populações imensas sem direito a saneamento básico e a condições mínimas de vida nas florestas urbanas.
A quem interessa deixar de ver que estamos desconsiderando a fragilidade de nossos recursos naturais e humanos, dentro de uma lógica empobrecida pela falta da consciência crítica, esquecendo-se do que realmente deve ser prioridade para toda a humanidade?
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