terça-feira, 19 de abril de 2016

Gestão em Crise



“Quando escrito em chinês a palavra crise compõe-se de dois caracteres: um representa perigo e o outro representa oportunidade. ” John Kennedy

“No inferno os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise. ” Dante Alighieri

“Os momentos de crise suscitam um redobrar de vida nos homens. ” François Chateaubriand

É sabido que as crises são cíclicas e o controle sobre as mesmas requerem alto grau de planejamento, ao longo do processo desenvolvimentista brasileiro, temos tido sérios problemas com a questão da competitividade, sabemos que a busca da alta qualidade é um desejo humano, mas enfrentar as variáveis requer estratégias sujeitas a mudanças para atingimento de objetivos factíveis. Existe na economia global um forte processo de turbulências, exigindo das lideranças uma sofisticação gerencial sem precedentes na escolha das estratégias.

Em um olhar mais atento, vemos as pequenas e médias empresas brasileiras, sendo afetadas diretamente pela crise de gestão, empresas normalmente guiadas por gestores tradicionais, que aproveitaram uma oportunidade e navegaram na mesma, por anos ou por meses. Quando estes atendem empresas multinacionais inevitavelmente, são acometidos por processos de auditoria e acompanhamento como fornecedores, o que de uma certa forma contribui para uma melhoria forçada pelo cliente. Não obstante as empresas com longevidade acima de 20 anos tiveram uma intervenção na criação de processos ou adesão a sistemas certificáveis em função da necessidade de continuar a fornecer para as empresas multinacionais de classe mundial.

Estes processos foram impostos aos empresários e para não pagar o custo de deixar de fornecer, literalmente engoliram com ou sem ressalvas. O resultado disto que as essências dos modelos de gestão não foram atingidas, pois quando os gestores não participam da criação e formulação das estratégias, fazem os processos literalmente na marra. Sem se apropriar do que está sendo feito, sem engajamento gerencial e muitas das vezes delegando para consultorias e assessorias aquilo que deveria ser o coração da organização.

Os processos de especificação devem ser longos e protocolares, a utilização de métodos de pesquisa deve ser vasta e a crise nos coloca diante da necessidade de monitorar desempenho de forma cuidadosa e zelosa. Gestores experientes sabem que o sucesso organizacional se consolida com a inteligência dos processos internos e externos a organização e por indicadores que devem funcionar como painéis de bordo para a organização. Até aqui nada de novo, mas o que vemos nas empresas médias e pequenas é uma falta permanente de uma visão macro alinhada com um conjunto de indicadores, que nos dê a mais precisa realidade possível, lembrando que quanto maior a turbulência mais requer a experiência do piloto e de sua tripulação para levar a aeronave a bom termo.

O problema que no mercado existe teorias de sobra e boa tripulação em falta, com todo o esforço que é realizado na educação empresarial brasileira, sofremos da falta de entendimento dos processos de gestão e quase sempre levados ao modismo ora japonês, ora americano, ora europeu. Nossos autores são reflexos destas culturas e mesmos os mais experientes acabam não desenvolvendo uma reflexão própria a partir de sua experiência profissional, nossos docentes sofrem muitas das vezes da falta de exposição ao mercado, o que acaba na repetição de fórmulas prontas e decoradas e nenhuma reflexão organizacional, temos exceções mas funcionam muitas vezes como ponte de alguma universidade internacional ou são pequenas ilhas no mundo acadêmico estatal brasileiro.

Em minhas aulas procuro levar as jovens mentes a necessidade da busca do pensamento sistêmico, da estratégia e do planejamento para a qualidade, mas a turbulência é gigante, quando olhamos a nação fica exposta esta constatação a crise econômica e social é fruto da “gestão em crise”, da falta de estratégia e de direcionadores que nos levem ao futuro de forma consistente e principalmente na construção coletiva de um modelo social e empresarial auto suficiente e robusto que responda as insurgências políticas, sociais e econômicas específicas. Todas as nações e empresas que resistem na economia global tem uma coisa em comum, o desejo infinito de vencer, apoiado pelo planejamento robusto de longo prazo que são os fatores mínimos para sobrevivência e sustentabilidade futura.

Adeildo Caboclo é professor, palestrante, consultor de empresas e escritor. E-mail: diretoria@flapbusiness.com.br - Visite: www.adeildocaboclo.com.br

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