quinta-feira, 21 de abril de 2016

A Ciclovia, a Petrobrás e o Mar




"Se já construístes castelos de areia no ar, não te envergonhes deles, constrói agora os alicerces"
Antoine de Saint-Exupéry

"Uma mentira pode construir um castelo na areia, mas a onda da verdade o derrubará." Luiza Gosuen

“Construir castelos na areia é fácil o difícil é prever as ondas.” Sandro Kretus


Vivemos um momento realmente atípico no país, prestes a sediar uma olímpiada, presenciamos o seu legado cair antes do evento, infelizmente levando vidas inocentes. Durante anos passei investigando acidentes e propondo medidas para eliminar sua recorrência. Mas em todos havia uma coisa em comum a prevalência da produção sobre o planejamento e as boas práticas. Havia sempre alguém querendo entregar mais do que o planejado, antes do tempo e não se importando como e nem a que preço.

Os eventos internacionais que o país sem condições se propôs a fazer está irradiando para o mundo as limitações sociais e econômicas brasileiras, como se fossemos dar uma festa para o mundo e no dia seguinte nossos filhos não teriam se quer o que comer. Fomos levados ao ufanismo de uma ideia que o pré-sal nos levaria a um padrão infinito de desenvolvimento e que seríamos a última potência a utilizar o combustível fóssil para melhorar a educação brasileira e a qualidade de vida de nossos cidadãos.

Mas como bom investigador algo estava incoerente nesta fala, tudo não passava de uma grande falácia para esconder os desvios que ocorriam na maior estatal brasileira. Pobres daqueles que colocaram suas reservas e FGTS em ações de uma empresa que servia de base para alimentar partidos, deputados e empreiteiras. Enquanto o discurso que a empresa seria a salvadora da economia dos estados que eram agraciados com os “royalties” e que traria grande desenvolvimento tecnológico em águas profundas e até ganhávamos prêmios internacionais na área do petróleo. Mas na verdade estávamos vendo um castelo de areia sendo construído e vendido como a grande solução nacional.

Hoje vimos que estamos em grande risco, nem a grande estatal ficou ilesa e nem a ciclovia resistiu ao mar e a corrupção, infelizmente levando inocentes, pessoas que como os investidores da Petrobrás não mereciam tamanho ultraje com requintes de corrupção nunca visto antes neste país. Mas como todos acidentes existe sempre uma desculpa, vamos culpar o mar, que há anos está ali e agindo de forma prevista, ele não tem como se defender e nem precisa, mas fica um registro de vergonha aqueles que receberam 45 milhões de reais para construir esta obra, que provavelmente deve estar condenada pelo mar e pela corrupção que anda sempre em volta de nossos empreendimentos públicos.

Sinto pelas famílias e pelos inocentes, que confiando colocaram suas finanças e suas vidas em risco, a falta de prevenção é generalizada no país do futebol, a prevalência é a corrupção e a produção de castelos de areia, literalmente para inglês ver. E com certeza a homenagem dada a Tim Maia que leva o nome da ciclovia é mais castelo de areia, que com certeza não o deixaria feliz. 

Mas o mar não perdoa, assim como a verdade uma hora ela surge e se impõe a realidade, precisamos de inconfidentes capazes de lutar contra este Estado de coisas. 

Adeildo Caboclo é professor, palestrante, consultor de empresas e escritor. E-mail: diretoria@flapbusiness.com.br 

Conheça nosso site: www.adeildocaboclo.com.br









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