terça-feira, 5 de abril de 2016

Competição Global



“Acreditou-se que o progresso estava automaticamente garantido pela evolução histórica” Edgar Morin

“A disciplina é mais forte do que o número; a disciplina, isto é, a perfeita cooperação, é um atributo da civilização”. John Stuart Mill

“Um atleta não pode chegar à competição muito motivado se nunca foi posto à prova”. Sêneca


Com um olhar mais atento, vemos a indústria global, em um movimento permanente de integração de suas cadeias de suprimentos, saindo do modelo verticalizado, onde toda a produção é realizada em um único país e montando uma cadeia horizontalizada em um novo modelo que vou denominar compra por competência. Algumas empresas ganharam proficiência em seu segmento de mercado, tornando-se referência para as demais no segmento, no jargão Players, empresas com capacidade de atender o mercado ao menor custo e com maior qualidade do segmento de forma global.

O Brasil, tem um bom exemplo a EMBRAER, empresa altamente competitiva no segmento em que atua, mas quero aqui ressaltar que foi um projeto de muita perseverança de erros e acertos, mas fixando o conhecimento a cada passo dado em direção ao futuro. A empresa citada tem se destacado no cenário mundial, com uma rede de assistência técnica invejável. A concorrência vem tendo dificuldades de competir com esta empresa brasileira.

Quais as lições que esta empresa pode dar ao Brasil, como competir em uma área que a tecnologia requer precisão e exatidão extrema. Foram inúmeras as tentativas de acerto e erro, segundo o próprio fundador Ozires Silva, mas a determinação de fazer e o apoio inicial do Estado foram fundamentais, para que a empresa realizasse seus primeiros voos. Com o suporte do ITA – Instituto Tecnológico Aeronáutico, desenvolveu ciência aeroespacial. Vejamos que a empresa nasce com o apoio governamental e sobrevive e amplia sua operação em face da privatização, que lhe dá maior autonomia e velocidade nas decisões.

Demoramos mais de 45 anos para atingir esta autonomia tecnológica, ou seja, não existe milagre fora da ciência e da inteligência de mercado. A empresa adquiri seu know-how ao longo do tempo, sua capacidade de mudar e arriscar-se em áreas correlatas, agrega valor ao projeto inicial, exemplo o avião Super Tucano, comprado por inúmeras forças militares do mundo para treinamento dos seus pilotos. E agora o KC 390, avião para transporte de cargas. 

Para que o país do futuro um dia acorde no futuro, precisa renovar sua visão de produção, ampliando suas relações com países de maior competência, estabelecendo parceria com empresas com alto nível de sofisticação tecnológica, transformando nossa riqueza natural em riqueza processada, vender commodities, não garante o futuro do país. Precisamos de uma revisão geral na política industrial e um alinhamento com as boas práticas globais de mercado e educacionais. O atual modelo dá sinais que não será possível termos uma participação maior no comércio exterior, que hoje está menor que 1%, pelo potencial do país é quase nada. Mas se faz necessário, reformar o pensamento e admitir que temos que importar os produtos que não temos competência tecnológica e passarmos a exportar produtos com maior valor agregado. Mas para tal precisamos de plataformas tecnológicas e logísticas adaptadas a esta nova forma de fazer negócios no mundo.

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