“Morrer de vida, viver de morte”. (Heráclito)
“Assim como tudo que é vivo e humano, o amor encontra-se submetido à segunda lei da termodinâmica, que se define como princípio de degradação e desintegrações universais. Mas os seres vivos vivem de sua própria desintegração, combatendo-a pela regeneração”.
“Acontece o mesmo com o amor, que só vive renascendo incessantemente”.
(Edgar Morin, Amor Poesia e Sabedoria, 2002)
Trafegar dentre as possibilidades de estarmos juntos pela multidimensionalidade do amor parece-me algo utópico, presente apenas por uma necessidade essencial de que algo nos diferencie dos demais seres, levando-nos por um caminho longe do existencialismo. Seguimos amortecidos pela esperança de que possamos atingir, em outro plano, o amor e a felicidade plena, pois não há uma lógica possível neste momento de finitude temporal; as religiões reveladas lançam-se na missão de defender a manutenção da ordem sócio econômica, adocicando um sistema incompetente para trazer para seu centro o amor, deixando em nível secundário a lógica consumista, ou ao menos em um nível de marginalidade suficiente para suprir o bem estar ético e humano.
Andar imaginando um ser ético é repensar o afastamento do religioso desprovido de conotações facciosas ou dogmatizadas; aberto para uma possibilidade dialógica; mas seria insano nos dar ao luxo de termos a revitalização de uma ética multi, inter e transdicisplinar para que alcemos uma resignificação de uma ética aberta e que nos aproxime dos ideais, ainda tão atuais, defendidos na revolução francesa. Historicamente, ficamos surpresos de ver o distanciamento sem precedentes dos valores de liberdade, solidariedade e fraternidade. Mas, o que nos mantém acreditando na possibilidade de uma paz universal regida por uma educação comprometida com este amor ético e dialógico?
É olhar a contemporaneidade pela ótica científica e adensar a pesquisa voltada para uma sociedade que precisa morrer e reviver continuamente, buscando restaurar o equilíbrio complexo, abandonando a simplicidade da linearidade proposta por nossas plataformas sociais, religiosas e econômicas. Será que teremos que caminhar por mais dois séculos para sermos capazes de desvendar a infantilidade e a ingenuidade desta sociedade global atual, incapaz de lidar com as chagas deixadas pela imposição da força bélica e dos valores monoteístas e simplistas? Tais valores mantêm fossilizados em meio a esta idade média planetária, impossibilitando um reviver baseado no amor, o qual nos oportunizaria uma mudança gradual o suficiente para que as rupturas sejam estabelecidas por uma nova ética, cuja arquitetura esteticamente seja baseada em um amor incondicional pela continuidade da humanidade num novo patamar, não ideológico mas essenciológico.
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